O cantor e compositor Sérgio Ricardo, que atuou em movimentos que redefiniram a cultura brasileira, como a bossa nova e o cinema novo, morreu ontem, aos 88 anos. Ele estava internado no Hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio, desde abril, quando contraiu Covid-19, e teve uma insuficiência cardíaca. O enterro está previsto para a tarde de hoje e será restrita à família devido à pandemia do novo coronavírus.
Sérgio Ricardo deixou uma obra musical imensa, caso da trilha sonora de Deus e o Diabo na Terra do Sol, uma obra-prima. No documentário Uma Noite em 67, um destaque é o retrospecto da vaia, uma das marcas daquela edição do evento dedicado a revelar talentos na música popular brasileira. Inflamado tal qual torcida organizada, o público recepcionou vários artistas de forma pouco amistosa. Caetano Veloso dobrou-o com sorrisos e, ao final, verteu em aplausos os gritos coléricos. Sérgio Ricardo, não. Irritado com a reação do público antes de se apresentar, o músico destruiu seu violão e jogou os restos dele na plateia.
Renato Terra, jornalista: “Sérgio Ricardo era solidariedade infinita. Sua obra na música, no cinema, no teatro, na pintura tem origem nesse olhar verdadeiramente voltado para as outras pessoas.”
Chico Buarque: “Quando apareceu a bossa nova, eu reneguei o que havia antes. E o Sérgio Ricardo além de fazer parte do movimento, fazia aquelas músicas um pouco modernistas. Músicas sem rima. Eu adorava aquilo. Além disso, ele foi um dos primeiros a começar a fazer músicas de movimento social como Zelão. Pedro Pedreiro tem um pouquinho a ver com isso.”
Assista o show O Cinema na Música de Sérgio Ricardo no YouTube.
E um trecho de Mundo Velho Sem Porteira.
“Ê mundo velho. Êta mundo sem porteira. Vou me levando. No retão da lembranceira. Minha dor é como a lenha. Numa caldeira. E a saudade um trem de carga. Sem passageira”.
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