Por Sharon Sevilha
Há vinte e seis anos, morria Kurt Cobain. E, com ele, o grunge. Você pode dizer até que as roupas rasgadas, viradas do avesso e as camisas de flanela sobreviveram, mas sabemos que não foi assim.
Em 1993, o Nirvana se apresentou duas vezes no Brasil: uma em São Paulo, a outra, no Rio de Janeiro. Já dava para perceber que a banda ia muito mal das pernas, pois o show mais pareceu um ensaio insano. Não que os fãs - que lotaram o Morumbi com suas camisas de flanela em pleno verão brasileiro - se incomodassem. Foi a única oportunidade de vê-los.
Alguns acreditam que ele se matou com um tiro de Remington na cabeça, outros acham que ele foi assassinado. Particularmente, acredito nesta segunda hipótese. Por quê? Kurt já havia falado sobre divórcio com sua esposa, Courtney Love: ele valia muito mais morto do que vivo. As investigações mostraram - no local do "crime" - bitucas de cigarro que não eram da marca que ele fumava. Legistas disseram que ele tinha tanta heroína em seu corpo que não seria capaz de atirar em si mesmo com uma espingarda. E, claro, as duas caligrafias diferentes no suposto "bilhete suicida". E se você acha pouco, ele tinha uma filha. Ou será que Frances Bean não valia nada para ele?
Você pode dizer que uma pessoa que está afundada em heroína até os ossos não liga para nada, mas é impossível você não abrir um sorriso e perceber o quanto essa garotinha o fazia feliz. E quem de nós conhece alguém viciado em heroína?
O que o fazia infeliz, além das dores crônicas de estômago e seu vício, era a pressão que a indústria musical fazia sobre ele, era não se sentir confortável com todo o sucesso que fazia e com toda a influência que ele exercia sobre uma geração que respirava cada palavra e cada ato seu. Houve, inclusive, quem se suicidasse por causa da morte dele.
Não dá para julgar por não estar na pele dele, mas um addicto só sabe que o é quando é tarde demais. E, convenhamos: desde pequeno, sua vida não foi nada fácil. Sempre jogado de um lado para o outro, dormindo em casa de amigos em situações mais precárias do que as dele mesmo ou na rua. De repente, você pula disto para milhões de dólares e uma fama nunca sonhada. E com pouco mais de vinte anos. E sem ninguém para te apoiar. Ao contrário: só sangue-sugas em volta, inclusive sua esposa.
Pior do que saber que Kurt foi infeliz na maior parte de sua vida, é imaginar que ele não teve ninguém para pegá-lo pela mão e tirá-lo deste inferno. "Ei, cara, larga tudo, se separa, vai ser feliz com a tua menina."
Até o pai de Courtney Love, também dependente química declarada na época, acredita que foi ela quem encomendou a sua morte ao El Duce, vocalista da extinta banda The Mentors e que foi - convenientemente - achado morto em uma linha ferroviária.
Esta pode ser apenas mais uma "teoria da conspiração, como aquela que diz que Mick Jagger "matou" Brian Jones afogado na piscina e roubou a banda que ele havia criado, mas esta é outra história. O fato é que Kurt, como todos os gênios, era demais para este mundo. E que ele faz uma falta danada!
Aproveite a quarentena e veja - ou reveja - o show realizado no Hollywood Rock, no Morumbi, São Paulo, em 1993.
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