sábado, 24 de julho de 2021

Eric Lenate e mais 12 artistas (7 atrizes e 5 atores) estreiam CEMITÉRIO VERTICAL

 Eric Lenate e mais 12 artistas (7 atrizes e 5 atores)

estreiam CEMITÉRIO VERTICAL, experimento cenoexpressivo virtual composto por 12 solos,

dia 24 de julho em curta temporada

de dois fins de semana


Lorena Garrido



Dramaturgia coletiva do grupo e direção de Eric Lenate

Uma realização da InboxCultural


CEMITÉRIO VERTICAL com estreia prevista para 24 de julho é um trabalho de teatro derivado

de um laboratório de criação voltado especificamente para o formato de interação remota e

virtual entre artistas e público. Durante 3 meses, um grupo de 12 artistas que atuam e

escrevem trabalharam sob a orientação e provocação do ator e diretor Eric Lenate.

O objeto da pesquisa foi o estudo e análise da obra “Necropolítica”, do filósofo, teórico

político, historiador e intelectual camaronês Achille Mbembe, as noções de

biopoder/biopolítica de Michel Foucault e as correlações com o Brasil atual.

O objetivo da pesquisa foi a criação de um campo de experimentações em que esse grupo de

atores e atrizes trabalharam seu desenvolvimento pessoal enquanto criadores e criadoras, tanto

no campo da atuação, quanto no campo da dramaturgia.

Ao final do processo, tomou corpo este experimento ceno-expressivo virtual composto por 12

solos, em temporada via streaming, com dramaturgia assinada pelo grupo e direção

assinada por Eric Lenate. O elenco de 12 artistas é fomado por: Diego Lima, Juliana Poggi,

Lorena Garrido, Luís Paulon, Maria Amélia Lonardoni, Maria Eduarda Pecego,

Michelle Braz, Paloma Alecrim, Paulo Castello, Rebecca Loise, Renato Izepp e

Vinícius Aguiar. A assistência de direção e de provocação dramatúrgica é de Vitor Julian.



CEMITÉRIO VERTICAL é o resultado do laboratório de montagem “Cemitério Vetical –

Poéticas de Resistência à Necropolítica”, criada por Eric Lenate especialmente para o

projeto de Oficinas de Montagem Inbox Cultural.Ao transitar entre as sepulturas deste cemitério vertical, o público encontrará a “Verdade

Paralela”: um futuro distópico ou uma realidade possível?; a Cabeça sendo comida por dentro

pelos que – aparentemente soterrados – agora se manifestam; uma mulher artista, psicanalista

e pesquisadora workaholic que vai perdendo sua memória, percepção e sanidade na medida

em que seu companheiro se aproveita do isolamento social da pandemia do COVID-19 para

enclausurar sua vida anímica com abusos psicológicos; uma personagem que nasceu, mas não

viveu, e que tenta contato com Cristo em busca do seu direito de matar; uma mulher que, ao

sentir a morte se manifestar em seu próprio corpo, percebe que passou a vida moribunda,

sucumbindo à cultura machista de extermínio de mulheres e do feminino; uma mulher que

alega estar acometida de Delirium Tremens Post-Mortem, que trata do alívio de finalmente ser

diagnosticada com uma doença que poderia acarretar no ganho pleno da visão; um idealista

que rememora sua trajetória até ali, refletindo sobre o que seus desejos e máscaras o

transformaram; um executivo que se indiga “não sentir é uma virtude ou um vício?”; a bala

perdida que sempre encontra um corpo negro.



Necropolítica, Biopoder, Políticas de Extermínio

O ensaio Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte, de Achille Mbembe, apresenta

uma reflexão sobre a expressão máxima de soberania, concebida como “o poder e a capacidade de ditar quem

pode viver e quem deve morrer”.

Para Foucault, biopolítica é a força que regula grandes populações ou conjunto dos indivíduos, diferentemente

das práticas disciplinares utilizadas durante a antiguidade e na idade média que visavam governar apenas o

indivíduo.

Já biopoder se refere aos “dispositivos” e tecnologias de poder que administram e controlam as populações por

meio de técnicas, conhecimentos e instituições.

Para atender aos interesses e vontades das mais variadas sociedades modernas, ideias de ameaça, medo e ódio

ao inimigo foram mantidas como na antiguidade e na idade média. Mas há um diferencial: se antes as guerras

eram iniciadas a fim de proteger o soberano, com objetivos delimitados, e a morte de uns asseguraria a existência

de todos ao final, os conflitos travados ao longo dos dois últimos séculos mostraram uma crueldade

humana sem precedentes. Ou seja, para Foucault os massacres, extermínios e regimes totalitários modernos,

como o stalinismo e o nazi-fascismo, radicalizaram os mecanismos políticos de morte já existentes.

Ideias de controle dos corpos, purificação da população, supremacia de um determinado grupo sob outro não

surgiram no século XX, mas nesse momento foram amplamente aceitas com base no poder exercido por governos

e estruturas administrativas. Por meio do discurso do Estado tais práticas tornaram-se aceitáveis, mesmo

visando a rejeição, expulsão e aniquilação de determinados grupos.

Para Foucault, o discurso é o instrumento de poder que determina condutas e valida políticas. No entanto, como

analisado pelo mesmo, é preciso cautela ao lidar com tal instrumento já que este acabou possibilitando práticas

cruéis e políticas que reforçam estereótipos, segregações, inimizades e extermínios.

Em certos episódios da história da humanidade, alguns discursos políticos validaram massacres, extermínios e

regimes totalitários modernos.

Foi a partir da ideia de que discurso é um instrumento de poder que Mbembe foi além. Em seu

livro “Necropolítica” apontou que esses dois conceitos são insuficientes para compreender relações de inimizade

e perseguições contemporâneas. Como estudioso da escravidão, da descolonização e da negritude, relacionou o

discurso e o poder de Foucault a um racismo de Estado presente nas sociedades contemporâneas, que

fortaleceu políticas de morte (necropolítica).A necropolítica no Brasil

No Brasil, ao longo da história, alguns discursos tiveram o poder de retirar a humanidade de certos grupos através

da desclassificação da pessoa, ou seja, da ideia de que ela merecia ser punida ou que as políticas são para a

maioria e não para minorias.

A ditadura no Brasil foi um desses momentos. Os 21 anos do regime autoritário resultaram em mortes e corpos

desaparecidos. À época, quando um opositor ao regime era preso, torturado ou assassinado, este corpo era

considerado um inimigo visível e determinado que merecia um fim. O discurso promovido tinha o poder de

estabelecer parâmetros aceitáveis para tirar vidas e controlar as pessoas.

A escravidão também foi um desses momentos. Os 300 anos da precarização de inúmeras vidas foram a base

da construção e formação da sociedade brasileira. Mesmo assegurados a todos os direitos que nos igualam de

forma jurídica, os dados mostram que nem todos têm as mesmas oportunidades.

Nesse mesmo sentido de marginalização de pessoas, existem discursos que fortalecem a ideia de que existem

lugares subalternizados com alta criminalidade em que vidas podem ser tiradas em prol do bem comum. A

guerra ao tráfico e à criminalidade no Brasil é um exemplo.

Mas também há necropolítica nas prisões. O tratamento da população carcerária, com punições com foco na

privação da liberdade, a superlotação das cadeias e baixas condições sanitárias são reflexos disso. Conforme

apontado pelo CONJUR, só em 2018 foram mais de 1.400 mortes em presídios no Brasil.




SINOPSE:

Você está diante do conjunto de lápides de um cemitério vertical. Uma espécie de condomínio

funerário onde todos que o habitam foram colocados, em maior ou menor nível, de maneira

imposta e impiedosa. Dizem que a morte a todos iguala. Mas os caminhos até ela são bem

distintos.




SERVIÇO:

Curta Temporada

Dias 24 a 25 de julho e 31 a 01 de agosto

Sábados e Domingos às 20h

Pedimos que acessem o link do ingresso com 15 minutos de antecedência

Ingressos a R$10, R$20, R$30 ou R$50

Via Sympla Streaming

https://www.sympla.com.br/cemiterio-vertical__1277350

Duração: 90 minutos

Todos os dias o público é convidado para uma conversa após a sessão

Classificação: 16 anos



FICHA TÉCNICA

Dramaturgia e Atuação | Diego Lima, Juliana Poggi, Lorena Garrido, Luís Paulon, Maria

Amélia Lonardoni, Maria Eduarda Pecego, Michelle Braz, Paloma Alecrim, Paulo Castello,

Rebecca Loise, Renato Izepp, Vinícius Aguiar e Vitor Julian

Organização Dramatúrgica | Criação Coletiva

Provocação Dramatúrgica | Vitor Julian e Eric Lenate

Dramaturgia de Encenação Virtual | Eric Lenate e Vitor Julian

Direção | Eric Lenate

Direção Assistente | Vitor Julian

Supervisão técnica | Eric Lenate

Operação técnica | Luís Paulon e Vitor Julian

Efeitos visuais | Juliana Poggi, Luís Paulon, Michelle Braz e Vitor Julian

Trilha sonora original e desenho sonoro | L. P. Daniel

Músicas originais do solo “Verdade Paralela” | Michelle Braz

Arte gráfica e comunicação digital | Juliana Poggi

Assessoria de imprensa | Adriana Monteiro - Ofício das letras

Apoio na comunicação | Bossa Comunicação

Produção | Letícia Crozara

Direção de produção | Júlia Ribeiro e Kauê Telloli

Realização | Inbox Cultural

Parceria | Sociedade Líquida - Eric Lenate e L. P. Daniel




Agradecimentos | Estrela Straus, Gabriel Luiz, Luiz Eugênio, Manuella Loise, Daniella Luize, João

Luiz, Marcelo Checchia, Bruno Javorski, Marcos Carvalho, Fabiano Manica, Priscila Venosa, Julia

Medeiros, Patrícia Sakate, Mel Audi, Luís Rogério, Naara Aragão, Cyntia Batistetti, Jessica Moreira,

Cíntia Moreira, Joana Lima, Tayná Campos, Maria Ignácia Rodrigues da Silva (em memória), Amélia

de Castro Lonardoni (em memória), Arilda Rodrigues da Silva Lonardoni, Samira Lonardoni, Luíza

Lonardoni Chá.




Homenagem - Às bruxas, cientistas, curandeiras, artistas, donas de casa, profissionais de todas as

áreas (especialmente da saúde pública), agricultoras, enfim, a todas as mulheres deste mundo que

lutam ou já lutaram por liberdade, igualdade de oportunidades, direitos femininos e justiça de gênero.

Às travestis, mulheres e homens transgênero, lésbicas, gays, pessoas não binárias. Aos corpos

dissidentes do sistema cis-heteronormativo - os que vieram antes, os que estão aqui, os que virão

depois. Às crianças transviadas. Às pessoas que resistem, todos os dias, ao estado de exceção

permanente perpetrado pelo Estado nas regiões periféricas e/ou marginalizadas. Aos povos originários

destas terras. Às pessoas indígenas e quilombolas. Às mais de 500 mil vítimas da Covid-19 no Brasil,

dentre as quais, tantas mortes poderiam ter sido evitadas. Nosso respeito e compaixão por todos e

todas que resistiram, mas tiveram suas vidas interrompidas pelo genocídio cotidiano motivado por

questões de gênero, raça e classe.

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