sexta-feira, 20 de março de 2020

O OLHAR E O SÉCULO DE BORGES


UM POUCO MAIS DE JORGE LUIS BORGES PARA OS NOSSOS SONHOS E PESADELOS!

O olhar de Borges – Uma biografia sentimental
de Solange
 Fernándes Ordóñez
Tradução de Cristina Antunes


Páginas: 248

“Agrada-me imaginar Borges, já adulto, na noite, insone, em sua estreita cama de ferro, memorizando alguns versos que ditará no dia seguinte. Imagino-o com o travesseiro dobrado e a cabeça meio erguida, apoiada sobre suas mãos cruzadas na nuca. A casa silenciosa, a luz iminente da aurora beirando as frestas da persiana. Quanto é, digo a mim mesma, que um homem pode idealizar na solidão, no recanto de sua cama solitária, em meio às intangíveis tonalidades desse espaço! Enquanto isso, na cidade, dormimos. Como não sentir gratidão por esse ser, pelo artista que nos diverte em seu desvelo, que nos pensa, que nos exprime? O mundo avança, apesar de nossos equívocos maiúsculos, graças ao artista insone de todos os tempos e de qualquer lugar.”

“Ocasionalmente me comove imaginar este imenso mundo de amigos literários reunidos ao redor de Borges na solidão de sua morada monástica, no pequeno apartamento da rua Maipú, tão sóbrio, se preferir humilde, desprovido de falsos ornamentos, despossuído de brilhos aparentes ou lampejos vãos. Vem-me à memória, então, a autocrítica que escreveu no pé da página, aos sete anos: “Demasiado melodramático”. E sorrio. A vida de Borges parece responder à severidade com que o menino a desenhou, no começo do século.”

A AUTORA
Solange Fernández Ordóñez, nascida em Córdoba, formou-se na Faculdade de Filosofia e Humanidades, Universidade Nacional de Córdoba. Reside em Buenos Aires desde 1966, onde se especializou como psicóloga clínica de crianças e família.Dedicou esses anos à sua profissão e à família que formou com o médico Florentino Sanguinetti, também pintor renomado.

Herdou de seu pai, amigo de Borges, seu advogado e ele próprio poeta, a ligação com o escritor. Foi membro fundador da Fundación Internacional Jorge Luis Borges e participou como convidada na exposição do Centro Pompidou – 1992 – denominada L’Univers Borges.

Depois dessa viagem, Solange Fernández Ordóñez optou por sua vocação literária e começou a publicar notas de caráter cultural em diferentes mídias. Ao mesmo tempo completou , em 1993, um Mestrado em Gestão Cultural no Instituto de la Administración Pública (INAP).Ingressou, em 1994, na Fundación el Libro; desde então integra a mesa de Cultura desta instituição. Em 2001 viajou à Espanha e cursou o Mestrado de Gestão Cultural Hispano-Americana ministrado pela Universidade de Barcelona.

Há vários anos tem a seu cargo grupos de leitura de Borges, de caráter privado. Há quinze anos organiza e coordena o ciclo “Rincón de la Lectura” na Feira do Livro de Buenos Aires.
Solange Fernández Ordóñez tem um romance publicado, Viaje de Tristán. Prepara um terceiro livro cujo tema gira em torno da leitura.

E MAIS
“Borges será nosso clássico de Literatura, assim como é Shakespeare para os ingleses, Cervantes para os espanhóis e Goethe para os alemães”. A afirmação é da escritora Solange Fernández Ordóñez, autora de O Olhar de Borges – Uma biografia sentimental. No livro, que chega ao mercado pela Autêntica Editora, com tradução de Cristina Antunes, Solange permite ao leitor uma contemplação íntima – e surpreendente – de Jorge Luis Borges. Para isso, contou com valiosas ferramentas: um conjunto de cadernos manuscritos utilizados pelo escritor ao longo de 20 anos, depoimentos de sua mãe, Leonor Acevedo Borges, uma seleção que o próprio Borges fez, em diferentes momentos de sua vida, dos acontecimentos relevantes de sua infância e registro de seus comentários entre amigos, em palestras e entrevistas para a imprensa.

Além disso, Solange Ordóñez lançou seu olhar à obra completa e às publicações provenientes de revistas e suplementos. “Os cadernos, que constituem pilar fundamental na elaboração deste livro, ajudaram-me a entender as múltiplas direções e a intensidade do olhar deste escritor que, de forma paradoxal, estava ficando cego”, afirma. Os cadernos a que se refere, foram entregues pelo próprio Borges ao pai de Solange, Carlos Fernandez Ordóñez, em atenção à assistência que este lhe proporcionou como amigo e como advogado, durante mais de uma década. De lá para cá já se passaram 35 anos.

Menos voltado aos fatos e mais para como se construiu o Borges literário, este livro mostra como “a vida de Borges vai se construindo de forma justaposta com o cansativo trabalho poético, sem deixar em sua escritura, embora pareça estranho, maiores resquícios por onde espiar sua intimidade”. De acordo com a autora, “a vida, ao que parece, não impregnou seu afazer literário, tanto como este a sua pessoa”, conta. E é sobre esse universo fascinante e misterioso que o leitor poderá se debruçar neste, que promete ser o principal lançamento da Autêntica em 2009.




O Século de Borgesde Eneida Maria de Souza

Páginas: 112

A comemoração do centenário de Borges no final do milênio une as pontas de dois séculos, como se a literatura do século XX coincidisse com o nascimento do escritor. Curiosamente, Oscar Wilde – um dos autores mais próximos de Borges – morre desconhecido em 1900, num hotel de Paris, abrindo o novo século para as gerações vindouras e marcando o fim do culto da personalidade literária. A partir daí, a consagração autoral passará por momentos de crise, graças ao reconhecimento de ser a criação um gesto múltiplo e à descoberta do inconsciente, por Freud, que abalaria o enigma da racionalidade positivista do século XIX.






CONHECENDO BORGES
Jorge Luis Borges Acevedo (Buenos Aires, 24 de Agosto de 1899 — Genebra, 14 de Junho de 1986) foi um escritor, poeta, tradutor, crítico e ensaísta argentino mundialmente conhecido por seus contos e histórias curtas.

Segundo um estudo de Antonio Andrade, Jorge Luis Borges tem ascendência portuguesa: o bisavô de Borges, Francisco, teria nascido em Portugal em 1770 e vivido na localidade de Torre de Moncorvo, situada no Norte de Portugal, antes de emigrar para a Argentina, onde teria casado com Cármen Lafinur.

Jorge Luis Borges nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, filho do advogado Jorge Guillermo Borges e de Leonor Acevedo Haedo. Aos sete anos de idade já teria revelado ao pai que seria escritor. Aos nove, escreve seu primeiro conto, "La visera fatal", inspirado em um episódio de Dom Quixote. Em 1914, muda-se, com os pais, para a Europa, morando inicialmente em Genebra, na Suíça, onde conclui seus estudos, e depois na Espanha. Em 1921, retorna a Buenos Aires, onde participa ativamente da efervescente vida cultural da cidade. Em 1923, publica seu primeiro livro de poemas, "Fervor de Buenos Aires". Iniciava-se, assim, uma das mais brilhantes carreiras literárias do século XX. Borges morreu em Genebra, onde está sepultado, por opção pessoal.

Borges foi um ávido leitor de enciclopédias. Em uma memorável palestra sobre O Livro em 1978, Borges comenta a felicidade em ganhar a enciclopédia alemã Enzyklopadie Brockhaus, edição de 1966. Lamenta não poder ver as letras góticas nem os mapas e ilustrações, entrentanto sente uma relação amistosa com os livros. Sua preferida era a IX edição da Britânica, como disse em uma das inúmeras entrevistas que deu. (Buenos Aires, 24 de Agosto de 1899 — Genebra, 14 de Junho de 1986) foi um escritor, poeta, tradutor, crítico e ensaísta argentino mundialmente conhecido por seus contos e histórias curtas.

BIBLIOGRAFIA PARCIAL
Anthologies

* Antología personal (1961)
* Labyrinths (1962, anthology, in English)
* Libro de sueños (1976)
* Nueva antología personal (1980)

Essays and criticism

* Inquisiciones (1925)
* El tamaño de mi esperanza (1926)
* El idioma de los argentinos (1928)
* Evaristo Carriego (1930)
* Discusión (1932)
* Historia de la eternidad (1936)
* Otras inquisiciones (1952)
* Libro del cielo y del infierno (1960), with Bioy Casares
* Prólogos (1975)
* Siete Noches (1980)
* Nueve ensayos dantescos (1982)
* Atlas (1985)

Poetry

* Fervor de Buenos Aires (1923)
* Luna de enfrente (1925)
* Cuaderno San Martin (1929)
* El otro, el mismo (1969)
* La rosa profunda (1975)
* La moneda de hierro (1976)
* Historia de la noche (1977)
* La Cifra (1981)
* Adrogue, con ilustraciones de Norah Borges (1977)

Poetry and prose

* El hacedor (1960)
* Elogio de la sombra (1969)
* El oro de los tigres (1972)
* La moneda de hierro (1976)
* Los Conjurados (1985)
* El Instante

Short stories

* El jardín de senderos que se bifurcan (The Garden of Forking Paths) (1941; published in Ficciones, 1944)
* Historia universal de la infamia (1935, short stories)
* Seis problemas para don Isidro Parodi (1942)
* Ficciones (1944)
* Dos fantasías memorables (1946, as H. Bustos Domecq)
* Un modelo para la muerte (1946)
* El Aleph (1949)
* La muerte y la brújula (1951)
* Crónicas de Bustos Domecq (1967, as H. Bustos Domecq)
* El informe de Brodie (1970)
* El libro de arena (1975)
* Nuevos cuentos de Bustos Domecq (1977), con Bioy Casares
* La memoria de Shakespeare (1983)
* El Encuentro (1997)



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