sexta-feira, 14 de maio de 2021

Resenha - “Desatando os Nós do Transtorno do Déficit de Atenção - TDA”

 DESATANDO OS NÓS DO TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO de Margarete Chinaglia

Margarete Chinaglia


Resenha de Sharon Sevilha

A primeira coisa a ser dita é que o TDA ou TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) não é uma doença: é um TRANSTORNO. Margarete Chinaglia mostra, neste seu trabalho, que embora seja difícil desatar os nós, não é impossível. Em outras palavras, podemos tirar proveito do transtorno. 


Após ler o livro, eu, portadora de TDAH diagnosticada há pouco tempo (mas desconfiada de que o tinha há muitos anos), posso dizer que tudo o que Margarete afirma é verdadeiro. Ela é mãe de uma menina com TDAH e teve de descobrir o caminho das pedras para ajudar sua filha. Já quem nasceu depois da virada do milênio, praticamente tem o mapa na mão.


Na obra, Margarete fala de todas as comorbidades que podem acompanhar o TDAH e dificultar seu diagnóstico: dislexia, discalculia, Transtorno Compulsivo Obssessivo (TOC), Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), depressão etc. Ela é tão precisa que coloca até as porcentagens que estas comorbidades aparecem junto ao TDAH. Contundo, segundo ela, uma coisa é indispensável para o diagnóstico: a falta de atenção. É o indivíduo que perde e/ou esquece de tudo o tempo todo: chaves, cartão de crédito, compromissos, RG, dinheiro e a lista não tem fim. Pode parecer engraçado (mas não é), aS palavraS que o portador do TDAH mais diz na vida SÃO: ESQUECI e PERDI. É o cara que olha para o objeto que está procurando e não o vê – o clássico “se fosse uma cobra me mordia”. Convenhamos que conviver com uma pessoa assim pode ser desde irritante até enlouquecedor. Principalmente quando a família (pais, filhos, cônjuges) e os amigos não sabem o que é este transtorno ou – muito pior – não acreditam que ele existe. Aí vem os rótulos de falha de caráter: preguiçoso, desleixado, desatento; vem as comparações: por que você não é organizado/estudioso/esforçado como fulano? E este é um ponto que Margarete bate nas cento e vinte e duas páginas de seu livro: CADA INDIVÍDUO É ÚNICO.


Desnecessário dizer que estas comparações e as acusações de falha de caráter provocam um segundo problema: a baixa autoestima – coisa que o TDAH, definitivamente, não precisa somar às dificuldades de seu transtorno.


O bom deste livro é que ele é para qualquer pessoa: profissionais da saúde, da educação, leigos, familiares que convivem com alguém que tem o transtorno e para o próprio 'transtornado”. O livro é leve, é de fácil leitura.


No final, embora o TDAH seja ainda tão incompreendido, há um teste: quanto mais você pontua, mais você traz o TDAH para o seu lado, mais você consegue levar sua vida. Não há nada de negativo neste teste. Na minha jornada com TDAH, nunca vi algo tão positivo.


O transtorno, basicamente, é assim: se o portador tem interesse no assunto, ele esmiuça, vai atrás e não se cansa nunca. Ele pode dar uma aula sobre o assunto de que ele gosta. E surgem, então, ideias incríveis! Quando é o oposto, ele não se interessa, mas por qualquer razão é obrigado e realizar determinada tarefa ou estudar determinado assunto considerado chato ou arrastado, ele procrastina até o último segundo. Muitas vezes, diante desta segunda alternativa, procrastinei a um ponto de dizer para mim mesma todos os dias: faço amanhã, porque vai que eu morro de hoje para amanhã e me livro de ter de fazer.


Também acontece de o TDAH querer muito ou se interessar muito por algo por determinado tempo e, de repente, aquele interesse, aquele entusiasmo todo sumir da noite para o dia, é como uma luz que se apaga. E vamos para o próximo assunto.


O livro se encerra com um capítulo sobre mitos e verdades sobre o transtorno e um final com reflexões.


Ser portador de TDAH não é sinônimo de burrice, incapacidade, preguiça, desinteresse, nada disso! Nosso cérebro apenas funciona de maneira diferente e pode fazer coisas incríveis! Há, inclusive, grandes personalidades que tem TDAH:

Julio Verne

Mark Twain

Oscar Wilde

James Dean

Clark Gable

Thomas Edison

Che Guevara

Mozart

Andy Warol


A lista é infinita! Embora tenhamos uma tendência maior para os vícios (álcool e drogas) e para nos colocarmos em situações perigosas, podemos transformar o TDAH no nosso melhor aliado. É só desamarrar os nós  e fazer os laços. Não é tão difícil como parece. Se você acha que é portador, provavelmente é, então procure um psiquiatra para fechar seu diagnóstico. Você pode viver muito melhor com auxílio de medicamentos ou ainda com a medicina alternativa.


Finalizo esta resenha com uma citação da autora:


“Um dos maiores desafios é ser você mesmo em um mundo que está tentando fazer você como todos”.



SERVIÇO


Ficha Técnica   

Gênero: medicina I saúde   

Editora: Saramago, Rio de Janeiro   

Tamanho: 16 X 23 cm   

Páginas: 122   

ISBN: 978-65-5751-017-9   

Palavras chaves: TDA; TDAH; Transtorno, Distúrbio, Hiperatividade   

Custo do livro: R$ 34,90   

    

Compra do livro: somente o livro físico.   

Links:   

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