Dizer que a morte do pianista Nelson Freire, aos 77 anos, na madrugada de segunda-feira foi uma perda para a cultura brasileira seria uma simplificação grosseira. A concussão causada por um acidente doméstico no Rio de Janeiro privou o mundo de um dos maiores pianistas eruditos do século 20. Para quem não conhece sua arte, oito performances confirmam nossa afirmação – com destaque para um registro de 1965, onde Freire brilhava com apenas 21 anos (YouTube). Mineiro de Boa Esperança, Freire se revelou um prodígio na infância, fazendo a família se mudar para o Rio quando ele tinha cinco anos, em busca de professores à altura de seu talento. Com 12 anos, ganhou uma bolsa do governo brasileiro para estudar em Viena, na Áustria e dali em diante conquistou público e crítica, a ponto de ser chamado pela revista Time de “um dos maiores pianistas desta ou de qualquer outra geração”. Os últimos anos de Nelson, porém, foram tristes. Em 2019 ele sofreu uma queda na qual fraturou o braço direito. Segundo amigos, o artista achava que não voltaria a tocar e estava cada vez mais deprimido. (Globo)
Mas ouvir Nelson Freire tocar não resume completamente tudo o que ele era como artista. Essa dimensão está presente no documentário homônimo dirigido em 2003 por João Moreira Salles, disponível na Globoplay. (Folha)
O corpo de Freire foi velado ontem no Theatro Municipal do Rio, com direito a apresentações de músicos da orquestra da casa em sua homenagem. À tarde, ele foi levado para ser sepultado em sua cidade natal. (Estadão)
Enquanto isso... Comandada por um ex-galã de Malhação, o secretário Mario Frias, e um ex-PM, o secretário de Fomento e Incentivo André Porciúncula, a Secretaria Nacional de Cultura não emitiu uma linha de pesar pela morte de Nelson Freire. Como conta Lauro Jardim, coube ao Itamaraty, que já chegou à pedra polida, se manifestar. (Globo)
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