segunda-feira, 4 de abril de 2022

Morreu ontem, aos 98 anos, Lygia Fagundes Telles

 


Morreu ontem, aos 98 anos, Lygia Fagundes Telles, uma das mais importantes escritoras brasileiras do século 20. Vencedora dos prêmios Jabuti e Camões, entre outros, ela foi a terceira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Segundo a ABL, a escritora morreu em casa, de causas naturais. Lygia nasceu na capital paulista, mas passou a infância no interior do estado. Aos 15 anos, já de volta a São Paulo, publicou Porão e Sobrado, seu primeiro livro de contos. Mas, para ela, o marco inicial de suas obras completas só veio em 1954: Ciranda de Pedra, apontado como um de seus melhores trabalhos, ao lado de Antes do Baile Verde (1970) e As Meninas (1973). Politizada, foi signatária do Manifesto dos Intelectuais contra a censura, em 1977. Em 1985 ingressou na ABL e, em 2005, recebeu o Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa, pelo conjunto de sua obra. Nas redes, intelectuais, políticos e fãs lamentaram a morte da escritora. (g1)

Lygia era antes de tudo uma amante da literatura, como mostra nesta entrevista de 2007: “Quem está em processo de extinção é o leitor, que lê pouco ou não entende o que lê. Já o escritor anda aparecendo por toda parte. Ainda bem, estão aí todos lutando, escrevendo, as prostitutas fazendo suas memórias. Que façam, que escrevam, tudo é válido. Mas leiam.” (Folha)

Silviano Santiago: “A ficção de Lygia Fagundes Telles não tem essência a ser procurada pelo leitor. Há que se aprender a conviver com ela. Tanto nos contos quanto nos romances, ela traz para a literatura contemporânea brasileira o sentido do texto escrito de acordo com as formas de espetáculo privilegiadas pelas classes populares. Na prosa de Lygia, a sensualidade felina programa a criação de inúmeros e inesquecíveis personagens, de que a ficcionista é, inventariante, incorruptível e zelosa colecionadora.” (Estadão)

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