Morreu ontem, aos 98 anos, Lygia Fagundes Telles, uma das mais importantes escritoras brasileiras do século 20. Vencedora dos prêmios Jabuti e Camões, entre outros, ela foi a terceira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Segundo a ABL, a escritora morreu em casa, de causas naturais. Lygia nasceu na capital paulista, mas passou a infância no interior do estado. Aos 15 anos, já de volta a São Paulo, publicou Porão e Sobrado, seu primeiro livro de contos. Mas, para ela, o marco inicial de suas obras completas só veio em 1954: Ciranda de Pedra, apontado como um de seus melhores trabalhos, ao lado de Antes do Baile Verde (1970) e As Meninas (1973). Politizada, foi signatária do Manifesto dos Intelectuais contra a censura, em 1977. Em 1985 ingressou na ABL e, em 2005, recebeu o Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa, pelo conjunto de sua obra. Nas redes, intelectuais, políticos e fãs lamentaram a morte da escritora. (g1)
Lygia era antes de tudo uma amante da literatura, como mostra nesta entrevista de 2007: “Quem está em processo de extinção é o leitor, que lê pouco ou não entende o que lê. Já o escritor anda aparecendo por toda parte. Ainda bem, estão aí todos lutando, escrevendo, as prostitutas fazendo suas memórias. Que façam, que escrevam, tudo é válido. Mas leiam.” (Folha)
Silviano Santiago: “A ficção de Lygia Fagundes Telles não tem essência a ser procurada pelo leitor. Há que se aprender a conviver com ela. Tanto nos contos quanto nos romances, ela traz para a literatura contemporânea brasileira o sentido do texto escrito de acordo com as formas de espetáculo privilegiadas pelas classes populares. Na prosa de Lygia, a sensualidade felina programa a criação de inúmeros e inesquecíveis personagens, de que a ficcionista é, inventariante, incorruptível e zelosa colecionadora.” (Estadão)
Nenhum comentário:
Postar um comentário